RS para Escolas
O programa está baseado em 3 eixos.
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Figura 1. Ilustração dos eixos do Programa Relacionamento Saudável (RS) do Grupo de Empoderamento e Liderança Feminina da Federação Israelita do Estado de São Paulo.
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Figura 2. Ilustração do processo de criação do Programa Relacionamento Saudável disponibilizado para as escolas judaicas da comunidad judaica do Estado de São Paulo.
VIOLÊNCIA ENTRE PARCEIROS É UM PROBLEMA GRAVE!
violência em nossos ambientes, mas que tomem iniciativas para identificar fatores de
risco que podem levar crianças e adolescentes a praticar abusos em relacionamentos,
como falar com vítimas de violência, e como desenvolver iniciativas educacionais que
forneçam as ferramentas e habilidades necessárias para que os jovens consigam ter
relacionamentos saudáveis no futuro.
COMO IDENTIFICAR UM RELACIONAMENTO ABUSIVO?
RELACIONAMENTO SAUDÁVEL
- Compartilhamento de experiências alegres entre os parceiros;
- Cada parceiro tem a habilidade de controlar a raiva nos momentos difíceis e resolver problemas através do diálogo;
- Quando o casal tem uma comunicação honesta e aberta;
- Quando o casal compartilha as tomadas de decisão;
- Quando um parceiro acredita na autonomia do outro;
- Quando existe respeito, confiança, empatia e carinho entre o casal;
RELACIONAMENTO QUE NÃO É SAUDÁVEL
- Quando um casal enfrenta problemas, mas não discute sobre eles e repetidas tentativas de discutir os problemas terminam em brigas;
- Quando um ou ambos os parceiros não respeita os limites do outro ou não se importa com os sentimentos do outro;
- Quando um dos parceiros não acredita no que o outro diz ou se sente no direito de invadir a privacidade do outro;
- Quando um dos parceiros ou os dois mentem para o outro várias vezes;
- Quando um dos parceiros acha que acredita que os seus desejos e escolhas são mais importantes que a do outro;
- Quando o único circulo de amizade com o qual um dos parceiros se socializa são os amigos do outro parceiro;
- Quando a parceira “dá um tapa” na cara do parceiro;
RELACIONAMENTO ABUSIVO
Sinais óbvios:
- Um dos parceiros no relacionamento sempre parece controlar o outro fisicamente, emocionalmente e verbalmente;
- Um dos parceiros no relacionamento tem ferimentos inexplicáveis;
- Um dos parceiros no relacionamento sempre pede permissão ao outro;
- Um dos parceiros no relacionamento tem um temperamento explosivo acompanhado por uma dificuldade de resolver conflitos através do diálogo;
- Um dos parceiros no relacionamento checam o celular, a redes sociais e o e-mail do outro sem permissão;
- Quando um dos parceiros no relacionamento faz uso excessivo de drogas ou álcool, bem como está envolvido com práticas de atos delinquentes;
- Quando um dos parceiros tenta se suicidar ou expressa idealização do suicídio como uma válvula de escape para os problemas enfrentados;
- Em relacionamentos abusivos, um dos parceiros pode se recusar a usar preservativos ou métodos anticoncepcionais ou obrigar o outro a não usar tais métodos de prevenção, portanto, vítimas de violência no contexto de relacionamentos correm mais risco de ter gravidez precoce;
- A vítima da violência se culpa pela violência sofrida;
- Quando um dos parceiros compartilha um vídeo de um momento intimo da parceira ou parceiro com os amigos;
- Quando um dos parceiros no relacionamento forçar o outro a posar para vídeos ou fotos parcialmente ou completamente nu ou quando estão tendo relação sexual;
Sinais menos óbvios:
- Quando a vítima sofre de ataques de pânico;
- Quando a vítima possui dificuldade de dormir;
- Quando a vítima adquire doenças sexualmente transmitidas;
- Quando a vítima tem dificuldade de confiar nos outros;
- Quando a vítima tem medo que o abuso escale;
- Espalhar rumores negativos sobre uma pessoa;
- Quando um dos parceiros ameaça delatar o outro para a família por ser gay e a família não sabe;
- Postar comentários maldosos, falsos e/ou violentos no perfil de uma pessoa nas redes sociais;
Sinais que um educador atento pode perceber:
- Diminuição da presença nas atividades regulares na escola
ou no movimento juvenil; - Quando um dos jovens no relacionamento se isola dos seus amigos;
- Quando um dos jovens no relacionamento perde interesse nas atividades;
- Quando um dos jovens no relacionamento tem uma crescente perde a autoconfiança;
- Quando a vítima de um relacionamento abusivo fica constantemente criando desculpas para o comportamento do abusador;
Figura 3. Quadro adaptado do Healthy Relationship Educators Toolkit, lançado pela organização Love Is Respect, em 2016/18
COMO UM EDUCADOR DEVE ABORDAR UMA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA?
O que um profesor deve fazer?
- Ouvir a vítima;
- Ser honesto(a) quanto a sua habilidade de manter uma informação confidencial, ou seja, o educador precisa avaliar o equilíbrio entre as informações que ele ou ela pode receber e manter em segredo, e o seu código de conduta ética;
- Ser específico(a) nas suas preocupações, especialmente, se o educador já observou comportamentos abusivos;
- Fazer perguntas;
- Não julgar a vítima como uma pessoa fraca ou submissa;
- Na medida do possível, considerando a segurança da vítima, é necessário permitir que o jovem tome suas próprias decisões sobre o relacionamento;
- Comunicar o que você, educador, é obrigado a fazer perante a lei e/ou as regras da instituição na qual você atua;
- Fornecer informações sobre as organizações locais nos quais ele(a) pode encontrar ajuda;
- Continuar acompanhando o jovem em questão ao longo do ano;
- Desenvolver um “plano de ação” com a vítima;
- Não confrontar o agressor;
- Um (a) educador (a) ao ter contato com uma vítima de violência no contexto de relacionamentos deve refletir sobre os fatores de risco aos quais aquela vítima está exposta.
COMO FAZER ISSO?
- A vítima já foi humilhada pelo parceiro?
▪ A vítima está isolada? Ou seja, quais as redes sociais de apoio que ela tem?
▪ A vítima já teve as suas ações controladas pelo parceiro?
▪ A vítima já sofreu abusos físicos?
▪ A vítima já sofreu abusos sexuais?
▪ A vítima (os amigos ou os familiares dela) já foram ameaçados pelo abusador?
▪ A vítima já foi difamada na internet?
▪ A vítima já recebeu mensagens ou ligações abusivas, ofensivas, ameaçadoras ou indesejadas?
▪ A vítima já foi questionada sobre suas atividades e relacionamentos anteriores pelo abusador?
▪ A vítima já foi constantemente insultada?
▪ A vítima já foi continuamente manipulada?
▪ A vítima relatou pensar sobre suicídio como uma maneira de escapar da violência?
O QUE O EDUCADOR DEVE DIZER AO CONVERSAR COM A VÍTIMA QUANDO ELA(E) FOR COMPARTILHARA EXPERIÊNCIA DE ABUSO?
- “Eu agradeço por você ter me contado sobre isso”;
- “A experiência pela qual você passou não é insignificante, ao contrário, é muito importante”;
- “Eu quero que você fique seguro(a)”;
- “Vamos procurar a ajuda que você precisa o mais rápido possível”;
- “O que aconteceu não é sua culpa”;
- “Você merece ser tratada (o) com respeito no seu relacionamento”;
- “Eu estou aqui caso você precise de ajuda ou precise conversar”;
- É importante que o educador(a) seja paciente com a vítima e não pressione ele(a) a fazer algo ou tomar uma decisão logo na primeira conversa sobre o evento traumático.
É importante que o educador saiba que ele não pode “salvar ou resgatar” alguém de um relacionamento abusivo. A vítima é quem deve decidir o que fazer e quando.
POR QUE RELACIONAMENTOS ABUSIVOS EXISTEM?
Não existe uma resposta simples para essa pergunta, pois a violência entre parceiros é o resultado de fatores sociais, comunitários, culturais e individuais. É necessário, portanto, analisar essa violência como resultado de vários fatores tal como descrito abaixo:
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Figura 4. Imagem ilustrativa do modelo ecológico para a compreensão da violência entre parceiros íntimos e violência sexual (leia mais sobre o tema em Heise et al., 1998; Krug et al., 2002).
Um dos fatores presentes na sociedade que podem contribuir para a violência é a sua naturalização, ou seja, quando existe uma cultura que permite que a violência em um relacionamento seja vista como natural e, portanto, aceitável. Por exemplo, quando é percebido como normal que os rapazes criem categorias como “meninas boas para se casar”, o que sugere que existem aquelas que não o são.
Essa é uma categorização normalmente feita com base no comportamento das meninas. Se uma menina tem “bom comportamento”, “é delicada” , ela é vista como uma “boa menina para casar”. Aquelas que não entram nessa categoria são aquelas que os rapazes escolhem para ter relacionamentos casuais e acreditam que o uso de violência com elas é legítimo.
Relacionamentos onde o ciúme, controle excessivo, difamação, chantagem psicológica ou humilhação pública são uma presença constante, podem desencadear em violência e agressividade. Também relacionamentos entre parceiros com acentuada diferenciação social e econômica podem levar um parceiro a exercer autoridade e poder sobre o outro podendo gerar várias formas de violência .
Vários são os fatores individuais que podem tornar abusivo um dos parceiros : quando o abusador já foi vítima de agressão ou bullying ; quando o abusador faz uso excessivo de drogas e bebida alcoólica ; quando o abusador não sabe controlar suas emoções , partindo para a agressividade, ao invés de recorrer ao diálogo.
É importante destacar que relacionamentos abusivos são um processo que culmina em violência física, emocional e psicológica, contudo não começa ou termina no ato de violência. Começa quando um parceiro exerce controle coercitivo sobre o outro, quando um indivíduo exerce controle ou poder sobre o seu parceiro pelo medo, intimidação e ameaça do uso de violência. O controle de um sobre o outro pode também acontecer por meios eletrônicos.
A violência psicológica/ emocional se traduz por um parceiro machucar o outro quando diminui sua autoestima , utilizar nomes depreciativos, fazer bullying, envergonhar o(a) parceiro(a) de forma intencional , buscar afastar o(a) parceiro(a) dos amigos e da família, monitorar seu celular , postar fotos nuas do(a) parceiro(a) sem sua permissão, determinar o que o(a) parceiro(a) deve usar e assim por diante.
Violência sexual é forçar o(a) parceiro(a) a ter relações sexuais quando ele(a) não consente. Vítimas desse tipo de violência ficam sujeitas a problemas sérios de saúde tais como: estresse pós-traumático, depressão, tristeza, abuso de álcool e drogas, dificuldade de falar sobre o trauma com outras pessoas, dificuldade de confiar em outras pessoas e estresse emocional e físico que podem afetar a vida profissional e acadêmica da vítima.
COMO ORIENTAR ADOLESCENTES?
Antes de pensar em atividades que podem ser desenvolvidas na sua tnuá , é necessário refletir sobre os três personagens que existem em qualquer relacionamento abusivo:
- abusador; a vítima e o obsevador, que sabe ou suspeita que alguém está sendo vítima de violência em um relacionamento. Isso significa que é preciso orientar os três envolvidos nesse conflito.
- Utilize os materiais e ferramentas disponíveis no arquivo “Como Educar
Adolescentes?” disponibilizado pela RS no Google Classroom (código 6sehcgx) para implementar as sugestões abaixo, dentro do contexto ideológico e religioso da sua tnuá:
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- Encoraje, através da arte e da música, a identificação e descrição das características de um relacionamento saudável e um relacionamento abusivo;
- Faça uso de scripts ou cenários para que os jovens avaliem e discutam sobre um comportamento desses três personagens ou de um deles em terceira pessoa.
Estabeleça regras gerais antes de começar essas discussões; - Utilize a prática de debates – até mesmo modelos de debates competitivos como uma forma de desenvolvimento de habilidades para resolver conflitos sem violência;
- Promova uma discussão sobre a diferença entre conhecimento moral e comportamento moral em um contexto no qual o observador está sujeito a pressão dos seus pares.
- Discuta sobre elementos que não estão diretamente ligados à violência entre parceiros, como preconceito, bullying, estereótipos, análise de conteúdos expostos na mídia, diversidade, crimes de ódio etc.
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PARA ORIENTAR SEUS ALUNOS
- Antes de pensar em atividades que podem ser desenvolvidas no ambiente escolar, é necessário refletir sobre os três personagens que existem em qualquer relacionamento abusivo: o abusador; a vítima e o observador, que sabe ou suspeita que alguém está sendo vítima de violência em um relacionamento. Isso significa que é preciso orientar os três envolvidos nesse conflito.
- Existem programas adotados em escolas públicas e privadas ao redor do mundo. Para conhecer essas ferramentas, acesse o arquivo “Relacionamentos Saudáveis” no Google Classroom (código 6sehcgx).
QUERO APRENDER MAIS!
O grupo Relacionamento Saudável busca, através da educação e respeito, promover uma mobilização comunitária que diga não à violência, em seus vários aspectos.
Mais do que nunca, é necessário olhar para o outro e colocar-se em seu lugar. Nossos jovens podem e devem ser incluídos nesse processo de mudança de paradigma.
Nós oferecemos como parceirostanto das escolas quanto dos movimentos juvenis para que a vida social de nossos jovens se desenvolva em um ambiente tranquilo e harmonioso, onde predomine o respeito, o acolhimento, a solidariedade, a empatia e o compartilhamento.