Programa de Acolhimento à Mulher Vítima de Violência na Comunidade Judaica

Nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Dentro de casa, a situação não foi necessariamente melhor. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico. Após sofrer uma violência, mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda. Os dados são de um levantamento do Datafolha feito em fevereiro encomendada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para avaliar o impacto da violência contra as mulheres no Brasil.

Com a proposta de oferecer acolhimento e assistência às vítimas, por intermédio de uma rede comunitária de apoio multidisciplinar e para quebrar o ciclo da violência nas famílias, a Federação Israelita do Estado de São Paulo, lançou nesta segunda-feira, 23 de setembro, o Programa de Acolhimento à Mulher Vítima de Violência na Comunidade Judaica.

O lançamento aconteceu na sede da Fisesp, com a presença do presidente, Luiz Kignel, do presidente executivo, Ricardo Berkiensztat, do rabino Uri Lam, da coordenadora do Grupo de Empoderamento e Liderança Feminina da Fisesp (ELF), Miriam Vasserman, juntamente com toda a equipe do ELF e as mais de 50 voluntárias envolvidas na Campanha.

“Hoje estamos tendo um marco comunitário muito diferenciado e fazendo história com o lançamento do Programa de Acolhimento à Mulher Vítima de Violência na Comunidade Judaica. Não podemos controlar a agressão, mas podemos controlar a nossa própria omissão e brigar pela defesa das mulheres que são agredidas. Estamos quebrando um tabu e, aceitando que esse problema é comunitário, e não de cada casa, e vamos enfrentá-lo de maneira institucional”, frisou o presidente da Fisesp, Luiz Kignel.

“Estamos enfrentando um problema extremamente sério, que não é da comunidade judaica, mas que existe dentro dela. O tema é extremamente sensível, mas já demos o start e agora não terá volta e que agredir pagará as consequências”, complementou o presidente executivo, Ricardo Berkiensztat.

Para Miriam Vasserman, “esse assunto nunca foi trabalhado na comunidade judaica, e é obvio que essa questão existe. Criamos uma grande rede multidisciplinar e a comunidade inteira está unida e trabalhando nesta causa. Vamos conscientizar, educar, prevenir e oferecer acolhimento e assistência humanizada e individualizada a todas as mulheres judias em situação de vulnerabilidade e violência doméstica, tais como violência moral, psicológica, patrimonial, sexual e física”.

“Estamos às vésperas do Ano Novo Judaico, em um momento de renovação de ciclo. Que possamos começar uma nova história e dar voz a esse silencio que é feito por forma de agressão, intimidação e constrangimento, e criarmos uma sociedade diferente para os nossos filhos e filhas”, concluiu o Rabino Uri Lam.

O Programa oferecerá suporte através de uma rede de instituições, serviços e apoio multidisciplinar, com assistentes sociais, psicólogas, advogadas, psiquiatras e mediadores, que vão garantir um atendimento sigiloso e seguro. Para isso, foi criado o Disque Ajuda, através do número (11) 3088-0024 ou pelo email: acolhimento@fisesp.org.br, com atendimento das 8h às 18h (após este horário as mensagens serão recebidas e encaminhadas).

Após o contato inicial, a mulher será atendida e acompanhada durante todo o processo, com agendamento de entrevista pessoal para análise do caso e encaminhamento à rede de entidades judaicas parceiras e a profissionais pré selecionados.

O Grupo de Empoderamento e Liderança Feminina da Fisesp (ELF) tem como proposta empoderar e capacitar mulheres por meio de valores judaicos para atuar ativamente na comunidade, bem como reforçar a voz e o direito da mulher em todas as práticas sociais, políticas e culturais na comunidade judaica e na sociedade maior, buscando inspirar e cultivar as próximas gerações de mulheres e fortalecer as relações com Israel.