Foi a palestrante do Encontro ELF do mês de agosto, que aconteceu de forma virtual. O tema da palestra foi Educar Mulheres para o papel de liderança.
A Fundadora e diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, FGV CEIPE, também foi Diretora Global de Educação do Banco Mundial, membro da Comissão Global sobre o Futuro do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), professora da PUC-SP, do Insper, da Enap (Canadá) e, mais recentemente, da Faculdade de Educação da Univerisdade de Harvard. Foi ministra da Administração e Reforma do Estado, secretária de Cultura do Estado de São Paulo e secretária de Educação do município do Rio de Janeiro. É articulista da Folha de São Paulo e membro do comitê técnico do movimento da sociedade civil, Todos Pela Educação, que ajudou a fundar.
Claudia Costin iniciou sua palestra apresentando um panorama da situação da educação no Brasil. Os dados são alarmantes.
- Problema começa cedo: 54,73% dos estudantes acima dos 8 anos, estão em níveis insuficientes de leitura e, em Matemática, são 54,4%(ANA-2016).
- No 9º ano, 39,5% dos alunos aprenderam o adequado em Português e 21,5% em Matemática.
- Só 21,9% dos jovens de 3º ano do Ensino Médio aprenderam o suficiente em Português e 9,1% em Matemática.
- Jovens de 15 anos- PISA: Brasil melhorou na pontuação nas 3 áreas mas continua com desempenho ruim. Está entre os 20 piores países, mas acima de Argentina, Colômbia e Panamá (entre outros).
- Meninas vão melhor que os meninos em Leitura e Interpretação de textos em 26 pontos e eles vão melhor em Matemática em 9 pontos.
- Grande desigualdade educacional.
- Carreira de professor pouco atrativa.
- Formação de professores no Ensino Superior muito teórica, centrada nos pilares da Educação e não na preparação para uma profissão.
Em seguida, a palestrante apresentou os desafios que o futuro traz para o Brasil, como a extinção de postos de trabalho, por conta da automação e robotização; a demanda por competências mais sofisticadas; o envelhecimento populacional; além do crescimento da desigualdade social, a cidadania frágil e o populismo.
Com a pandemia da COVID-19 pais e professores tiveram que se reiventar. Para o aprendizado acontecer à distância, as escolas tiveram que organizar uma combinação de diferentes mídias para a aprendizagem emergencial (online, TV, rádio e roteiros de estudo), a desigualdade educacional ficou gritante, os pais tiveram que receber orientações de como educar os filhos, além de formações emergenciais de professores e um planejamento cuidadoso para o retorno.
A educação em casa sofreu muitas mudanças. Os pais que antes tinham a obrigação da educação de valores, passaram a atuar na educação escolar, além de discutir a crise vivida e valorizar o pensamento independente de cada filho e filha. As crianças e os adolescentes passaram a ajudar com as tarefas domésticas. “Nunca os pais deram tanto valor aos professores, uma vez que tiveram que assumir de certa forma esse papel”, enfatizou Costin.
A palestrante reforçou a importância de se pensar numa estratégia de retorno às aulas, seguindo todos os protocolos sanitários, a organização de uma área de acolhimento nas escolas, com espaço para catarse e apoio da Saúde com equipe de psicologia. Avaliação diagnóstica e sistema de recuperação de aprendizagem, também é de extrema importância e se fará necessário achar um caminho para incentivar os alunos a voltarem para a escola, porque a tendência é que muitos abandonem os estudos.
Claudia encerrou a palestra enfatizando a necessidade de se ter:
- Uma escola em que todos aprendam – excelência com equidade;
- Uma escola em que tanto alunos como professores trabalhem colaborativamente;
- Uma escola em que o aluno aprenda a se reiventar;
- Uma escola em que os saberes não estejam fragmentados;
- Uma escola que ensine a pensar e a aprender;
- Uma escola que prepare meninas e meninos para a nova realidade que vão viver;
- Uma escola que reserve tempo e espaço para formar para a autonomia.